EM OITO ANOS, IBGE PERDE MAIS DE 29% DOS FUNCIONÁRIOS NO RS


A crise econômica não poupa nem os responsáveis por calcular o rombo das contas públicas. Sem verba para concursos, adicionado ao medo de mudanças na aposentadoria, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vê seu quadro encolher.

Nos últimos oito anos, o número de funcionários dedicados à análise de todas as estatísticas oficiais do país, como o Produto Interno Bruto (PIB), que mede o desempenho da economia brasileira, a taxa de desemprego, a inflação, o tamanho e as características da população, caiu 27,6%. Considerando apenas a unidade gaúcha, o decréscimo é ainda maior, alcançando 29,3%.

A falta de pessoal acarreta no atraso ou simplesmente no engavetamento de algumas pesquisas importantes, que baseiam políticas públicas, decisões da indústria, estudos acadêmicos.

Foram adiadas, por exemplo, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que retrata das condições de saúde da população ao acesso aos serviços, e um estudo inédito sobre vitimização, em que a criminalidade seria analisada a fundo. Ao menos uma pesquisa foi cancelada, que foi a contagem da população em 2015. Para se ter noção do impacto, Estados e municípios receberam, em razão do cancelamento, repasses federais com base em estimativas.

Até esta quarta-feira (3), o IBGE-RS contava com 207 profissionais efetivos. A qualquer momento o número pode cair, uma vez que três já solicitaram aposentadoria e outros 45 servidores já cumpriram o tempo mínimo de trabalho.

— A conta não fecha. Até pouco tempo, vínhamos perdendo de 10 a 15 colegas por mês por medo de perderem seus benefícios da aposentadoria. Agora que a discussão (da reforma da Previdência) acalmou, a saída estancou e passou a ter uma ou outra saída por mês — afirma o chefe do IBGE no Estado, José Renato Braga de Almeida.


Censo 2020 é desafio

Se o pior cenário se concretizar e todos os aposentáveis saírem, 159 pessoas terão de coordenar outras 17 mil a serem contratadas temporariamente para executar a principal pesquisa do órgão, o Censo Demográfico 2020, nos 497 municípios gaúchos.

— Internamente, já chamamos o Censo de "operação de guerra", pelo seu tamanho. Do jeito que está, vai ser uma grande batalha mesmo — avalia Almeida, se referindo à necessidade de remanejar pessoal, o que envolve mais gastos com deslocamento e horas extras.

No país, a carência de servidores já provocou o fechamento de sete agências. Das 570 restantes, 60 estão por um fio, pois operam com apenas um funcionário. Quatro delas ficam no Rio Grande do Sul (Alegrete, Santiago, Taquara e Tapejara). Por enquanto, conforme o chefe estadual, as 38 agências gaúchas seguem funcionando.

Para garantir a execução das estatísticas, o IBGE pleiteia novo concurso, com contratação de 1,8 mil servidores — em torno de 50 para o Rio Grande do Sul. Coordenadora estadual do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE), Maria Lea dos Santos Souza lembra que o instituto ficou mais de duas décadas sem concursos, por isso, existe uma distância geracional dentro do quadro.

— Temos um acordo com a atual direção do IBGE para batalharmos juntos, pois nós, trabalhadores, sempre tivemos uma preocupação com a qualidade do trabalho. Jamais vamos aceitar manipulação. Já fizemos até greve por isso, no governo Sarney, para manter o órgão independente. Mas para que siga assim, precisamos de gente, pessoal efetivo, treinado e comprometido — pondera a dirigente.

O último concurso para o IBGE foi realizado em 2016 e não há previsão de nenhuma concorrência federal até o fim de 2019. Responsável pelo gerenciamento do instituto, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão diz que "poderá conceder novas autorizações, mas em caráter excepcional, por medida de absoluta necessidade da administração e desde que asseguradas as condições orçamentárias".

Impacto da redução de pessoal nas pesquisas

> Canceladas
Contagem populacional 2015

> Adiadas para 2019
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
Pesquisa sobre vitimização

> Sem previsão
Cálculo das contas econômicas ambientais
Peso econômico das florestas e da energia
Levantamento sobre o uso do tempo


Fonte: Gaúcha ZH

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