"Por que paramos?" Mulheres organizam nova greve internacional em 8 de março


“Nós paramos”: assim começa o manifesto escrito por centenas de mulheres, coletivos feministas e outras organizações da Argentina e de toda a América Latina.
Seguindo os passos da jornada de luta internacional do ano passado, as organizadoras relançam a convocatória para o próximo 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres. A convocatória defende a unidade entre os diferentes setores do feminismo e a difusão das mobilizações.
“Das mais profundas raízes dos nossos territórios aos edifícios das corporações, vamos quebrar as correntes que nos prendem (…) nós, mulheres, mulheres lésbicas, travestis e transsexuais, estamos organizadas, unidas pela mesma vontade [ou desejo] e não voltaremos atrás”. “Nós paramos desde o Alaska até a Patagônia”, acrescentam.
O chamado feito pelo grupo denuncia a violência contra as mulheres e, sobretudo, a desigualdade econômica e o impacto das políticas de ajuste em suas vidas. O movimento propõe uma “feminização das resistências” contra a chamada “feminização da pobreza”.
“Se nossas vidas não valem, produzam sem nós” é, mais uma vez, o lema da greve que deve se estender por todo o mundo, mas será impulsionado principalmente na América Latina e no Caribe, onde "o grito de Nenhuma a menos, vivas nos queremos ecoará em todos os cantos do continente”, diz ainda a convocatória. Para as organizadoras, a realização do chamado a partir dos movimentos da América Latina é importante devido à grande desigualdade econômica na maioria dos países da região, “onde 10% da população é dona de 71% da riqueza”.
O manifesto defende ainda a realização de uma greve para “repudiar todas as formas de violência machista e o direito de viver uma vida livre de violência, contra os feminicídios e para lutar por todas as mulheres que estão desaparecidas, pelas presas políticas, pelas mulheres assassinadas e pelas mulheres presas por abortarem".
Com uma longa lista de reivindicações, o chamado defende a participação paritária no sistema político, no trabalho e nos sindicatos e a educação sexual integral.
Sobre a interrupção das atividades, as organizadoras afirmam: “Paramos porque uma em cada três mulheres da região não tem renda própria. Porque a jornada média do trabalho não-remunerado das mulheres é de 39,13 horas semanais, enquanto a dos homens corresponde a 13,72 horas semanais em pelo menos dez países da região. Na Argentina, as mulheres trabalham três vezes mais do que os homens no trabalho doméstico e de cuidados. Paramos para visibilizar esta dupla jornada de trabalho que afeta principalmente a vida das mulheres mais pobres. Paramos porque as travestis e as transsexuais não estão no mercado de trabalho formal”, acrescentam.
Além disso, a convocatória critica a reforma da previdência argentina e a reforma trabalhista brasileira e todas as políticas contra os direitos trabalhistas que impactam principalmente a vida das mulheres, pois a maioria das mulheres está nos empregos mais precarizados:
“Paramos porque nossos salários, nossos direitos trabalhistas e previdenciários são rifados em uma festa para a qual não fomos convidadas”, diz o texto. E concluem: “Paramos porque podemos e porque sabemos como fazê-lo, paramos pelas nossas vidas. Todas livres, todas juntas!”.
De acordo com a nota divulgada pelo Ni Una a Menos, assembleias feministas para a organização da greve devem ser realizadas nos próximos meses em pelo menos três países da América do Sul: Argentina, Uruguai e Paraguai. Mais uma vez, uma maré feminista deve tomar as ruas das cidades no próximo 8 de março.

Fonte: Brasil de Fato

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