Avaliação da Greve

Com o encerramento da greve do SINASEFE da qual a Seção Sindical participou diretamente, ficam questões que merecem avaliação. Estamos, portanto, dedicando um espaço em nossa página aberto para análises e depoimentos que podem ser encaminhados á nossa página (omegafone@terra.com.br). Ao final desta seção elencamos documentos, bem conhecidos e já divulgados nesta páginas, que balizaram as negociações. 

Editorial (DIRETORIA)  

A Intransigência demonstrada tanto no diálogo como na negociação com os trabalhadores(as) é uma das marcas que o governo Dilma vai levar no seu histórico. Além de apresentar uma proposta medíocre para os servidores(as) federais, orientou o corte de ponto dos(as) grevistas suspendendo pagamentos.
Os dados SINASEFE e do ANDES mostram que a paralisação atingiu 57 das 59 universidades federais e apenas um dos 39 Institutos Federais – IF não aderiu à greve, totalizando 298 campi parados.  
O SINASEFE, desde o início das negociações, afirmou categoricamente, que uma proposta apenas para docentes não seria aceita, exigindo a abertura de negociação para os(as) Técnico-administrativos em educação – TAEs.
A proposta para os(as)docentes desestruturou a carreira e não atendeu a pretensão financeira da categoria. A proposta para os(as) TAEs apresentou avanços quanto a estrutura da carreira – PCCTAE embora não atendesse a demanda financeira.
Avaliamos que chegamos ao limite do enfrentamento tanto pela apresentação do projeto do governo para o orçamento, como pela disposição da categoria de voltar ao trabalho.
Encerramos assim uma greve de mais de 60 dias, com a base do SINASEFE unida em torno de suas reivindicações e disposta a seguir na luta pelo seu atendimento.
Nós, a Seção Sindical de Pelotas, temos o compromisso de buscar os companheiros e companheiras dos diversos campi de nosso IF-Sulriograndense para discutir que Instituto queremos e construir, a partir da base, a proposta de organização que queremos para nossa entidade classista.    


Avaliação (LUCIANO LODER)
O ano de 2012 foi marcado por uma greve histórica da classe dos trabalhadores em educação. Desde 2001 os 3 sindicatos dos trabalhadores em educação, SINASEFE, ANDES e FASUBRA não entravam em greve em conjunto, participando de inúmeros atos unificados. Esse movimento foi tão forte que mesmo o sindicato criado pelo governo foi obrigado, empurrado por suas bases, a integrar o movimento paredista.
O governo, como de praxe, apostando na desmobilização da categoria, foi adiando as negociações, apresentando a primeira proposta de reajuste salarial à carreira docente apenas em julho, sendo que o movimento já tinha surgido em meados de maio, liderado pelo ANDES. 2 meses de atraso, para apresentar uma proposta que contemplava apenas um segmento da categoria, e uma proposta tão rebaixada que mesmo o sindicato criado pelo governo rejeitou-a.
Calcado em sua posição histórica, de defender os trabalhadores em educação como um todo, o SINASEFE manteve sua posição de não aceitar enquanto não houvesse uma proposta para as 2 categorias. Inicialmente o governo vinha com uma postura autoritária, dizendo que trataria apenas da questão dos docentes, empurrando a questão dos técnico-administrativos apenas para 2014. Considerando que desde 2010 não havia reajuste salarial para nenhuma das categorias, os técnico-administrativos viam a perspectiva de amargar o terceiro ano sem nenhuma reposição inflacionária.
Porém, devido à força do movimento paredista, após 3 meses de lutas, em meados de agosto, o governo se viu obrigado a recuar, oferecendo um reajuste irrisório de 5% ao ano para os próximos 3 anos, que não cobre a inflação do período, projetada em 6%  ainda para 2012. Porém uma proposta de reajuste não é composta apenas de valores orçamentários. Graças à mobilização dos sindicatos foi conseguido introduzir melhorias não-orçamentárias na proposta, como o aumento do step para 3,8%, em direção ao desejo histórico dos sindicatos de 5% de step, a regulamentação dos artigos 3 e 4 do PCCTAE, permitindo que técnicos administrativos possam ser valorizados pela sua própria capacitação, além de permitir compor mais de um curso para obter-se a gratificação por titulação.
Saímos, portanto, dessa greve com o sentimento de dever cumprido, obtendo mais do que uma parca reposição inflacionária para os próximos 3 anos. Foi menos do que nós queríamos, mas mais do que o governo queria nos dar. 

Sim, vitória! Mas com ressalvas (MARCO- NENÊ- Coordenador de Ação)    
Após 60 dias de uma luta árdua, conseguimos dobrar a política capitalista do Governo Dilma (partido dos traidores), que em 2011 cortou 3,5 bilhões de reais da educação pública e apontou os servidores  públicos como a “bola das vez”, onde até seus direitos foram questionados e também a impossibilidade de reajuste ao setor público.   Já em 2012, com o agravamento da crise econômica mundial, as investidas para responsabilizar os trabalhadores pela crise, leva os trabalhadores ao enfrentamento com o Governo,  na maior onda de greve no serviço público federal. A força desse movimento inicialmente no setor da educação e posteriormente em outros setores do serviço público, obrigou o Governo a retroceder na sua política de não negociar com os grevistas.  A greve forte do ANDES e SINASEFE,  obrigou o Governo a apresentar o acordo assinado com o PROIFES, sendo a proposta aos docentes com bons ganhos econômicos mas péssima na parte conceitual. Já a proposta aos técnico- administrativos é péssima economicamente  mas com ganhos conceituais interessantes. Essa greve também nos mostrou que, nas entranhas do movimento sindical, ainda existe a “personificação”, ou seja, os donos do movimento que em muitos momentos nesse período de greve manobravam e impunham suas idéias independentemente das deliberações advindas das bases com delegados de base trocando de voto desconsiderando os anseios de suas bases,  prática essa que se tornou corriqueira nas Plenas do SINASEFE. Deparamo-nos, também, com a questão dos “coletivos” dentro do sindicato os quais, em alguns momentos, só fragilizavam a unidade do movimento. É necessário sim, fazermos essa avaliação de onde estamos inseridos e não esconder da base as manobras que ocorrem nos encontros nacionais do SINASEFE, pois  sem surpresa que os reais fatos que ocorreram na 114ª  Plena não foram relatados.  Por exemplo: que nos informes das seções sindicais o placar pela não assinatura do acordo dos técnicos administrativos foi de 29  à 20, fato esse desconsiderado nas avaliações ocorridas na parte da tarde em plena e não citado também. Também não relataram a infeliz fala do Barela, representante da central CSP-conlutas, o qual afirmou que os delegados da Plena tinham livre arbítrio para mudar os votos de suas seções se achassem necessário. Relato isso para que fique claro que apesar dessa realidade encontrada no seio do movimento sindical conseguimos impor uma derrota ao Governo.  Se realmente fôssemos apenas um “coletivo”, SINASEFE, qual seria o tamanho da nossa vitória? Agradeço aos companheiros de direção da seção e a alguns abnegados da base que se propuseram a pensar e encaminhar a greve. A estes, entre os quais me incluo, pela luta travada ficou a sensação de que a vitória poderia ter sido melhor. Já para muitos da base ficou a lição de que a batalha foi ganha  mas com a unidade do movimento poderíamos ter ganho a guerra. 


Opinião sobre o momento de greve ( ROGÉRIO GUIMARÃES - Coordenador de Ação)
            Não ganhamos nada... Esta afirmação não condiz com a realidade, pois o poder de força e organização do movimento grevista reverteu uma posição adotada pelo governo de que os técnico-administrativos não teriam reposição salarial em 2013, por exemplo.
           As conquistas para os técnico-administrativos foram significativas, considerando que alguns pontos de nossa pauta de reivindicações estão contemplados no acordo com o governo.
           Com relação à pauta dos docentes, infelizmente não obtivemos êxito, quando o governo, espertamente, apostou em seu sindicato para “negociar”, deixando SINASEFE e ANDES reivindicando e argumentando com negociadores (?) que tiveram a postura de “ouvido de mercadores”.
           Analisando internamente o movimento grevista, observamos que o SINASEFE adotou uma dinâmica equivocada. Entendemos que toda greve tem de ser coordenada por um comando de greve nacional, onde seus membros devem estar permanentemente em Brasilia, acompanhando todas as nuances do movimento.
            Deixar as decisões para as plenárias nacionais não é saudável para o movimento, porque constatamos, e os companheiros que lá participaram também,  que delegados mudam o voto em função de manifestações e articulações de “coletivos”, desrespeitando as decisões de suas bases. Isto é grave. Isto não é digno para a credibilidade das instâncias do sindicato. Os companheiros que foram delegados da Seção Sindical Pelotas sempre tiveram um comportamento ético, defendendo as posições aprovadas em nossas assembléias.     
              A criação de “coletivos” dentro do SINASEFE só trouxeram discórdia e dificuldades para gerir todas as demandas apresentadas pelas bases. Os membros destes “coletivos” estão confundindo ou deliberadamente adotando procedimentos e condutas usuais em partidos políticos dentro do sindicato.
             Não é raro constatar que estes “coletivos” preocupam-se mais em disputar poder e permanência nos cargos nacionais do sindicato do que estarem unidos, lutando para atender às demandas das bases da categoria. Precisamos discutir a estrutura do nosso sindicato e priorizarmos o atendimento das necessidades apontadas pelos docentes e técnico-administrativos, razão primeira da existência do SINASEFE.
             Em que pese esta realidade equivocada que permeia as principais instâncias do SINASEFE há muitos anos e a dinâmica adotada no movimento grevista, podemos afirmar que fizemos um movimento vitorioso.
              Agora é momento de avaliações e reflexões e seguirmos em frente, lutando por tudo aquilo que ainda não conquistamos para a categoria. Apostamos e cremos em novas lideranças para assumir as direções locais e nacional do sindicato.
              Aqui, na Seção Sindical Pelotas, mesclamos companheiros com experiência com companheiros novos. Estamos fazendo formação sindical na prática, forjando novas lideranças que vem com novas visões, novas atitudes. Isto oxigena o movimento sindical.
              Aqueles, como eu, que já contribuíram por longo tempo na gestão do sindicato, devemos ter a sensibilidade e o desapego pelo poder, estimulando e orientando os novos companheiros. São eles que darão continuidade ao movimento sindical com vigor e comportamento adequado ao novo século.
             Concluindo, fica aqui a ratificação de que saímos vitoriosos dessa greve e faço um chamamento aos novos servidores, em especial, para que busquem mais informações sobre o SINASEFE e participem efetivamente de todas as instâncias. O futuro está em suas mãos, juntamente com a experiência e vivência dos veteranos.


Documentos
Editorial - Sinasefe Nacional
As vitórias que tivemos nesta greve
Resposta do Governo
Contraproposta do Sinasefe
Análise da proposta do governo aos docentes
Pauta de Reivindicações

Documentos em pdf
1) Pauta de Reivindicações    
2) Resposta do Governo
3) Contraposta ao Governo
4) Análise Técnica da contraproposta do Governo
5) Negociações sobre o TAEs
6) Nota Técnica AJN



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