Assuntos Educacionais
(CONTINUAÇÃO)
As atividades do GT de Políticas Educacionais
e Culturais privilegiaram, na tarde do primeiro dia do encontro, na modalidade de
mesa redonda, uma reflexão sobre: Institutos
Federais, Educação Básica Profissional e Tecnológica: onde estamos e o que
queremos? O debate sobre esta questão elucidava consensualmente a
preocupação com a identidade da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica, que ainda em curso, pode ser silenciada por uma
lógica perversa do Capital, que se inclina a anular este espaço distinto para o
desenvolvimento do conhecimento focado nas relações humanas. Tornou-se
destacado que aumento das demandas na Rede Federal de Educação Profissional,
nos seus diversos níveis de atuação exigem, em caráter emergencial, um debate
amplo, sobre a elaboração da democratização da Educação Profissional, incluindo
como horizonte pragmático, os interesses da comunidade escolar.
No
segundo dia do encontro, as atividades do GT de Políticas Educacionais e
Culturais voltaram-se, no primeiro momento, para o debate sobre a função da
pesquisa na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, a
partir da exposição da professora Dra. Luzia Mota, do IFBA, intitulada Pesquisa nos Institutos e as inadequações
Sociais dessa prática. De acordo com a professora, existe um desencontro
entre a missão da Rede Federal de Educação e as atividades de pesquisa. No
desenrolar dessa exposição, a pergunta que norteou o debate foi: Qual é a função social das Escolas Técnicas?
Para pensar nos desdobramentos desta pergunta é necessário resgatar a missão
institucional da Rede Federal de Educação: “[Os IFs] surgiram em primeiro lugar
da preocupação do governo Lula, na época, de ter instituições de ensino que
tivessem no centro das suas preocupações a questão da inclusão, isto é, a
utilização do ensino, da pesquisa e da extensão a serviço das políticas
públicas, voltadas para o povo, contra a exclusão. [...] os Institutos Federais
de Educação, Ciência e Tecnologia são vetores da intervenção do estado para
transformar a realidade social do país. Essa preocupação é central na origem e
no destino dessas instituições [...]” (PACHECO, 2012).
As
considerações sobre a atividade da pesquisa na Rede Federal evidenciam uma
carência ou um desencontro, como destaca a companheira Dra. Luzia Mota, no que
diz respeito á missão institucional. “A Rede Federal, na ausência de diretrizes
de pesquisa que se ajustem à sua identidade institucional, desenvolve suas
atividades de pesquisa de maneira coerente com o padrão adotado pelas outras
Instituições de Pesquisa e ensino Superior que integram o Complexo Público de
Pesquisa”. Dessa forma, sinaliza-se para a necessidade de criação de estruturas
institucionais nas Pró-Reitorias de Pesquisa para direcionar o fomento de
pesquisas para inclusão social e o desenvolvimento local e regional. Por esta
via, o GT de Políticas Educacionais e Culturais aponta sua crítica para a
política de pesquisa na Rede Federal de Educação, que secundariza o seu
objetivo primordial, qual seja, a inclusão social e o desenvolvimento regional
em prol de uma política de Inovação Tecnológica, seguindo o mesmo padrão de
outras Instituições do Complexo Público de Pesquisa.
Outro
aspecto vinculado ao campo da pesquisa é o registro de aumento significativo do
quantitativo dos Grupos de Pesquisa na Rede Federal, no entanto, ainda é
insignificante este aumento (3,9%) frente ao contexto da atividade dos Grupos
de Pesquisa do País. Além desta reduzida
participação dos Grupos no campo de pesquisas, suas peculiaridades e produções
não são otimizadas em Programas de Pós-Graduação, que poderiam articular uma
potente diversidade de áreas e recursos comuns.
Segundo
a companheira Dra. Luzia Mota: “A trajetória de pesquisa seguida
institucionalmente da Rede Federal está voltada para o eixo da PCT, que promove
a política de inovação no País cujas recomendações são estritamente voltadas
para o mercado, para as empresas e para o estabelecimento de relações entre
governo, empresas e universidades”. Por isso, considera-se urgente uma
reformulação de políticas de pesquisa na Rede Federal de Educação, almejando o vinculo
com movimentos sociais; com organizações não-governamentais, para que a
comunidade escolar e seu contexto possam tornarem-se protagonista de seus
próprios processos de formação, prioritariamente, engajado numa política de
inclusão social.
O
Ensino, a Pesquisa e a Extensão na educação pública devem priorizar em suas
demandas a preocupação com a formação e inclusão humana. É recorrente nos
escritos de Paulo Freire o uso da palavra “autonomia”. E é possível desenvolver
uma educação profissional que eleva, que respeita, que possibilite que a
comunidade ganhe sua liberdade, a partir de uma formação que produz autonomia,
para que cada sujeito consiga pensar de modo próprio, agir com consciência e de
maneira deliberada conforme aquilo que decidiu e pensou.
Por
fim, o encontro debateu a proposta estrutural para
a revista do SINASEFE e a proposta para o Seminário
Nacional de Educação. O público alvo e colaborador desta revista são
trabalhadores e trabalhadoras em educação, principalmente aqueles/as que atuam
profissionalmente na Rede Federal da Educação Básica, Profissional e Tecnológica,
além de ativistas comprometidos com a Educação Pública, que desejem
compartilhar metodologias e resultados de estudos e pesquisas. Houve consenso
dos participantes de que o Conselho Editorial, da referida proposta de revista,
tenha autonomia em suas atribuições, cabendo a estes definir a linha do
periódico, embora esta linha não poderá contrariar as posições históricas do
SINASEFE em defesa de uma educação pública, laica, gratuita e de qualidade.
Foi acordado, a partir de consenso, o Tema do
Seminário Nacional de Educação do SINASEFE, qual seja, “Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica: onde estamos e o
que queremos”. Este Seminário tem por finalidade analisar o atual cenário
da Educação Básica, Profissional e Tecnológica e a sua implementação a partir
da criação dos Institutos Federais. Por fim, foi retirado da proposta de programação
do Seminário um espaço dedicado à apresentação oral de trabalhos acadêmicos,
para em seu lugar, privilegiar um espaço para associações de estudantes,
considerando que estes são protagonistas do seu processo de formação.